Histórias do Fundo do Baú

Lendas e crenças nortearam por muito tempo o tratamento odontológico durante a gestação. Conceitos absurdos, porém ainda hoje norteiam alguns profissionais da Odontologia. Ainda bem que são poucos. Veja a seguir, algumas citações colhidas no livro Atendimento Odontológico na gravidez, no item “Aspectos culturais”, do DR. Marcio A . M. de Oliveira, já falecido, que foi professor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) e da Universidade Paulista (Unip):


1650 – O cirurgião alemão Anton Nuck salientava não extrair nunca um dente durante a gravidez, salvo em caso de extrema urgência. Recomendava, sobretudo, que se evitasse a extração do canino superior (dente do olho), porque poderia determinar efeitos perniciosos sobre o órgão visual do feto.


1935 – O trabalho “Contra – indicações, nas extrações dentárias em mulheres grávidas”, de J. E. Freitas, publicado na Odontologia Moderna, diz que toda mulher casada deve submeter-se a um bom tratamento dentário que consistirá, principalmente, na extração de dentes de raízes imprestáveis e na remoção do tártaro, dentre outros procedimentos, antes do período da gravidez, a fim de ser posta a salvo das complicações e sofrimentos a que estará sujeita, caso não tome essa providência em tempo oportuno. Além disso, todas as cáries deverão ser devidamente tratadas, pois todos sabem que, no período da gestação, o organismo da mulher tem de abastecer –se com grande quantidade de sais de cálcio, para a formação da estrutura do bebê, na maioria das vezes, sacrificando os próprios dentes. O mesmo trabalho salienta ter sido aprovado que os abortos, muitas vezes, são atribuídos à invasão de micróbios infecciosos dos dentes estragados que penetram no organismo da mulher através da corrente sanguínea, localizando-se na placenta e causando a morte do feto. Portanto, dentes estragados em mulheres grávidas não só fariam sofrer como também trariam risco à vida do bebê.