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Sedação consciente inalatória em Odontologia
Um dos grandes desafios para a Odontologia é a qualidade no atendimento e o conforto do paciente durante o procedimento clínico. Assim, o controle do medo e ansiedade, além da dor, inflamação e infecções de origem odontogênica, devem nortear o atendimento odontológico.
O medo e a ansiedade são os dois componentes psicológicos mais marcantes dentro da situação de estresse odontológico. Além disso, a maioria dos procedimentos clínicos é potencialmente nocisa ao paciente, como a punção da agulha durante a anestesia local, o som e a vibração dos motores de alta e baixa-rotação, a visão do instrumental e de sangue.
O controle farmacológico do estresse e ansiedade dentro da Odontologia pode ser feito através de duas maneiras: por via oral (benzodiazepínicos) ou através de uma técnica recentemente aprovada no Brasil pela via inalatória com mistura de gases óxido nitroso/oxigênio.
O conceito de sedação consciente difere totalmente da anestesia geral. Enquanto a sedação consciente é uma depressão mínima do nível de consciência, onde são mantidos a respiração voluntária, reflexos protetores e a capacidade de resposta a comandos físicos e verbais do paciente, a anestesia geral é uma depressão generalizada do sistema nervoso central, levando o indivíduo à inconsciência, à perda dos reflexos protetores e da capacidade respiratória espontânea, estando o paciente, na maioria das vezes, entubado.
O óxido nitroso é um gás incolor, com odor e sabor agradáveis, não inflamável ou irritante. O gás não se liga a nenhum elemento sanguíneo, nem ocupa o local de ligação do oxigênio nas hemácias. O baixo coeficiente de solubilidade no sangue proporciona saturação da corrente sanguínea e concentração de gás no cérebro.
A utilização da técnica incremental de mistura de gases (oxigênio/ óxido nitroso) apresenta vantagens em relação ao uso de benzodiazepínicos, como a indução de efeito e remoção do gás extremamente rápidas, possibilidade de individualização da dose, controle do nível de sedação, como o aprofundamento da sedação apenas nos momentos mais críticos do atendimento. A duração da ação varia de acordo com a necessidade do profissional e do tratamento e possibilita a imediata recuperação do paciente.
A sedação inalatória tem ampla aplicação na Odontologia, podendo ser empregada em praticamente todos os procedimentos e especialidades.
O uso da técnica é benéfico em pacientes com comprometimento médico, principalmente em portadores de doença cardiovascular, hepática, epilepsia ou desordens convulsivas e diabetes, entre outras, devido à constante suplementação de oxigênio com o uso da mistura.
A técnica sempre é iniciada pela administração de 100% de oxigênio ao paciente e, em seguida, começa a introdução incremental do N2O até a sedação ideal, individualizada para cada paciente. As contra-indicações absolutas para o uso da técnica acontecem pelas altas tensões de O2 utilizadas, principalmente em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema, bronquite severa), pois a alta concentração de O2 fornecida durante a técnica pode ser interpretada como um estímulo para a redução da ventilação. A outra situação em que o O2impossibilita o uso da técnica é em pacientes que passaram por quimioterapia com bleomicida, pois pode existir o risco de desenvolvimento de fibrose pulmonar.
A técnica demanda treinamento do profissional em cursos de extensão regulamentados pela Resolução 51/04 do Conselho Federal de Odontologia, a qual define o conteúdo programático e carga horária mínima de 96 horas. Hoje a faculdade de Odontologia de Leopoldo Mandic traz este diferencial para a formação dos seus alunos, proporcionando o treinamento teórico e prático desde o segundo ano de graduação.